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Reta final na busca de recursos pela obra do Hospital Escola

Lideranças locais e UFPel pleiteiam, junto à bancada gaúcha, garantia de pelo menos R$ 40 milhões em emendas parlamentares

Foto: Carlos Queiroz - DP - Única área pronta do complexo já recebe pacientes

Por Lucas Kurz

lucas.kurz@diariopopular.com.br 

O momento é de corrida contra o tempo e de pressão à bancada gaúcha no Congresso Nacional, por parte da gestão da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e de lideranças políticas da região. O objetivo é garantir pelo menos R$ 40 milhões em emendas parlamentares de bancada, que serão definidas nos próximos dias para, no próximo ano, dar início à construção dos blocos 1 e 2 da sede própria do Hospital-Escola (HE). A ideia é que esse valor, que representa 20% do necessário para a conclusão, seja repassado anualmente durante os próximos cinco anos, garantindo uma ampliação do serviço de educação e saúde que é referência regional em diversas áreas.

A gestão da universidade fez uma série de visitas aos parlamentares gaúchos ao longo do ano. A última, no final de outubro. Segundo a reitora, Isabela Fernandes, o retorno foi positivo. "A gente teve uma excelente receptividade dos deputados e senadores gaúchos", relata. A temática, que envolve a relação entre educação e saúde, acabou sensibilizando os políticos, na visão dela. Porém, a concorrência é grande para garantir a verba, já que há lobby de diversas outras áreas gaúchas querendo recursos - 17 projetos serão escolhidos para receber valores. "Nosso principal objetivo é estar entre os 17", aponta.

Apesar de a obra se tratar de um hospital, ela é vinculada à pasta da Educação, já que é um espaço de ensino e extensão. Pelas dificuldades orçamentárias, o Ministério não conseguiu garantir o aporte à construção e, por isso, apenas através dos parlamentares é que a execução se tornará viável. O projeto já está pronto e apto a ser executado e conta com respaldo da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) para um incremento no número de funcionários dentro do novo projeto.

O que é preciso?
O projeto conta com três blocos - o 3 já está pronto e em pleno funcionamento. Faltam, agora, os dois principais, que demandam recursos na ordem dos R$ 200 milhões. A universidade trabalha a longo prazo, esperando pelo menos cinco aportes de R$ 40 milhões, para ter tempo viável de executar o projeto a médio prazo.

A importância do projeto
O HE, único hospital 100% SUS de Pelotas, é referência em diversas áreas para a cidade e municípios da região. A vice-reitora, Úrsula da Silva, explica que a obra, além da ampliação do número de leitos em 45%, contará com espaços para ensino e pesquisa. Por isso, a metragem e o custo acabam ficando mais altos, mas também qualificará a mão de obra formada em Pelotas, o intercâmbio com outras unidades geridas pela Ebserh e o atendimento à comunidade.

O projeto vai muito além do curso de Medicina, já que a UFPel possui diversas outras graduações e pós na área da saúde. Além disso, representaria uma economia no orçamento universitário, centralizando diversas atividades em um mesmo espaço e cortando gastos em aluguel, por exemplo, cujo custo bruto é superior a R$ 136 mil por mês. Existem ainda outras vantagens, como a otimização do uso de recursos em prestação de serviços, como portaria e higienização, além da diminuição na necessidade de manutenção, por estar em uma edificação nova.

A superintendente do HE-UFPel, Carolina Ziebell, aponta que o novo hospital ajudará a diminuir o déficit regional para atendimentos complexos, aumentando leitos de UTI, salas cirúrgicas e contando com uma ala de internação psiquiátrica. "Ele foi projetado pensando no déficit que temos hoje e como vai ser epidemiologicamente a nossa região daqui a cinco anos", aponta.

Caso recebidos, os primeiros R$ 40 milhões permitiriam o início do Bloco 1, com 26 mil metros quadrados. Na sequência, a verba permitiria começar a edificação do Bloco 2, de oito mil metros quadrados, com objetivo de que os prédios terminem juntos. O primeiro é a prioridade, já que a partir dele será a base de integração de toda a estrutura. O Bloco 3 já está pronto e funcionando, recebendo a atenção domiciliar e a oncologia, por exemplo.

A luta em Brasília
A determinação das emendas ocorre no próximo dia 14, segundo Carolina Ziebell. A corrida, agora, é para garantir os valores. A Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul) definiu a obra como uma de suas demandas prioritárias e, nos próximos dias, um grupo de prefeitos deverá ir a Brasília se reunir com os deputados para trabalhar, também, neste lobby, segundo o presidente da entidade, o prefeito de Cerrito, Douglas Silveira (PP).

E o que é a emenda de bancada?
Além das emendas destinadas pelos deputados, individualmente, as bancadas podem apresentar emendas a matérias de interesse de cada estado. O valor a ser executado no total é de R$ 284.885.492. O Rio Grande do Sul contará com 17 projetos para dividir a verba e cada um deles precisa de três quartos (24) das assinaturas de deputados e dois terços (duas) das assinaturas de senadores.

O que dizem as lideranças locais sobre a importância do projeto

- Daniel Trzeciak (PSDB) - Deputado Federal reeleito:
"Eu já encaminhei meu pedido para a bancada gaúcha, onde a gente vai se reunir para definir quais serão as prioridades de 2023, então cada deputado tem a orientação de fazer três encaminhamentos para que depois toda bancada possa decidir . Encaminhei, assim como o Hospital-Escola da UFPel, também a duplicação da BR-116 e também a estruturação do Hospital de Pronto-Socorro para a compra de equipamentos. Com certeza, a obra do Hospital-Escola é uma prioridade. Semana que vem estarei em Brasília, inclusive, tratando isso com meus colegas deputados."

- Paula Mascarenhas (PSDB) - Prefeita de Pelotas:
"O município de Pelotas reconhece esta obra como fundamental. Já nos colocamos à disposição da reitora para buscarmos junto à bancada gaúcha a priorização na destinação de emendas. Ainda não estive em Brasília por impossibilidade de agenda. A Azonasul está disposta a fazer um movimento regional junto à bancada pra solicitar que uma das emendas seja destinada ao HE."

- Douglas Silveira (PP) - Presidente da Azonasul:
"Nos manifestamos, em ofício, para a bancada gaúcha pedindo apoio de recursos por uma emenda da bancada. Estamos nos articulando, alguns prefeitos, para irmos até Brasília na próxima semana, vai ter uma reunião da bancada e vamos estar presentes para reivindicar recursos para a obra do hospital. Fora isso, estamos nos mobilizando, fazendo contato com os deputados, os eleitos e os que já estão e pressionando, pedindo apoio e mostrando aos deputados a importância desse projeto para nossa região"

(*) A reportagem tentou contato com o deputado federal eleito Alexandre Lindenmeyer (PT), de Rio Grande, e com o líder da bancada gaúcha, deputado federal Giovani Cherini (PL), mas nenhum atendeu às ligações. A assessoria do governador reeleito Eduardo Leite (PSDB) não retornou até o fechamento desta edição.

Saiba mais detalhes do projeto
* Bloco 1
- Seis pavimentos
- Internação e serviços
- 26.086 m²
- Necessários R$ 150 milhões em recursos
- 250 leitos de internação
- Centro cirúrgico
- UTI neonatal
- UTI pediátrica
- UTI adulta
- Unidade de precaução
- Unidade de saúde mental

* Bloco 2
- Dois pavimentos
- Ambulatórios e serviços
- 8.816 m²
- Necessários R$ 50 milhões em recursos
- Ambulatório para consultas especializadas e serviços de apoio diagnóstico e terapêutico do Hospital dia

Faça uma visita virtual ao HE da UFPel



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